Sara Vitória Fogaça Paim, à época com 5 anos, hoje estaria com 19 anos, desapareceu no dia 1º de junho de 2010 na rua de sua casa, que ficava próximo ao estádio, local onde o pedreiro e catador de recicláveis Antônio Ramos Escobar, que está preso, confessou o crime dizendo que teria levado a garota, numa bicicleta, a uma construção próxima ao estádio municipal de Sorriso, onde a criança teria sido estuprada, morta e enterrada, mas o corpo de Sara nunca foi encontrado.
Neste dia 1º de junho de 2024 faz 14 anos deste caso que marcou Sorriso.
Várias pessoas chegaram a ser investigadas pela Polícia Judiciária Civil (PJC), num caso que até este ano de 2023 representa um “labirinto” para as forças de segurança de Mato Grosso, que nunca apontou o autor do crime. Apesar de ter confessado a morte, a defesa alega que Antônio Ramos Escobar foi “torturado” para assumir a autoria do crime. A PJC realizou escavações em possíveis locais indicados pelo pedreiro onde a menina estaria enterrada, porém, o corpo de Sara Vitória nunca foi encontrado.
A Defensoria Pública de Mato Grosso pediu a despronúncia, que o réu não seja julgado pelo júri popular, do pedreiro e catador Antônio Ramos Escobar. Ele responde pela morte da menina Sara Vitória Fogaça Paim, desaparecida em Sorriso no ano de 2010, quando tinha 5 anos de idade.
O motivo de tentar “livrar” o principal suspeito pelo desaparecimento da garota – um caso de repercussão nacional, dentre outros motivos, pelo corpo da garota nunca ter sido encontrado -, é que a Defensoria Pública possui um novo suspeito.
A informação foi revelada durante o julgamento de um habeas corpus em favor de Antônio Ramos Escobar pela Terceira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT), no 31 de maio deste ano. O defensor público Thiago Almeida Morato Mendonça, que faz a defesa de Escobar, revelou que os indícios do desaparecimento e da morte de Sara Vitória são “mais robustos” em relação a um homem identificado como Jonas Ribeiro dos Santos.
De acordo com o membro da Defensoria Pública de Mato Grosso, o “novo suspeito” foi denunciado pelo próprio tio, que afirmou que o sobrinho era “totalmente introvertido” em relação a outras pessoas – com exceção à Sara Vitória, uma vez que “comprava doces e ficava com ela no colo”.
Segundo o defensor, Jonas Ribeiro dos Santos comentou com o tio no dia do desaparecimento, em 1º de junho de 2010, que “iria pescar” – justificativa ouvida somente pelo parente do suspeito, que não foi dita a outras pessoas. “Jonas era totalmente introvertido com as pessoas, exceto em relação à Sara, a menina desaparecida. Que comprava doces, ficava com ela no colo, e no dia que a garota desapareceu ele falou para o depoente que foi pescar, sendo que para as outras pessoas ele disse que trabalhava com o tio”, relata a defensoria.
Thiago Almeida Morato Mendonça contou ainda que, após o desaparecimento, Jonas Ribeiro dos Santos, viajou até a cidade de Minaçu (GO), e que lá também molestou uma vítima. Além do crime cometido na cidade goiana, o defensor também revelou que Jonas é o principal suspeito de ter estuprado e assassinado a própria irmã, Joseane Ribeiro Fernandes, morta estrangulada aos 32 anos. O crime ocorreu no ano de 2014 no município de Ananindeua (PA).
“A defesa juntou ao processo algumas provas de que outra pessoa praticou esse fato. Um novo depoimento do tio, onde ele menciona que o seu sobrinho Jonas gostava de ‘adular’ a menor, ficava sempre com ela, que ele morava a menos de 3 metros da porta da desaparecida. Ele saiu de Sorriso, e foi para o município de Minaçu, e molestou outra jovem nesta cidade. Juntamos o boletim de ocorrência. Saindo de Minaçu ele foi para a cidade de Ananindeua onde ele estuprou e matou a sua própria irmã”, revelou o defensor.
O relator do habeas corpus na Terceira Câmara Criminal é o desembargador Gilberto Giraldelli. Ele manteve a pronúncia de Antônio Ramos Escobar, citando que Jonas Ribeiro dos Santos já estaria morto, além de Escobar ter sido flagrado com a camisa suja de sangue, com supostas marcas de uma “mão de criança”, que seriam de Sara Vitória. O magistrado contou ainda que, no dia seguinte ao desaparecimento, o suspeito “fugiu” de Sorriso, ficando 7 meses fora da cidade.
Tem duas teses: há uma outra pessoa, que também seria um estuprador, e naquelas imediações, eles dizem que poderiam ter sido ele. Ocorre que esse possível estuprador é falecido. Vai caber ao Tribunal do Júri. Não posso decidir para furtar a apreciação do juízo natural. Há indícios de autoria para que eles sejam submetidos ao Tribunal do Júri”, analisou Giraldelli.
O voto do desembargador foi seguido pelos demais membros da Terceira Câmara Criminal. A consulta ao processo revela que Antônio Ramos Escobar foi pronunciado ao júri popular em julho de 2022, sem data para o julgamento.