Lucas do Rio Verde - Setembro 6, 2025

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Denúncia expõe divergências técnicas sobre rebaixamento do lago da hidrelétrica de Colíder

O diálogo, registrado por um passageiro e obtido com exclusividade pelo Pauta Livre MT

Por: Portal JVC / Pauta Livre MT

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(Autor da imagem: Portal JVC)

Durante um voo de Brasília para Sinop, um funcionário da Copel foi gravado em uma conversa telefônica com engenheiros sobre a decisão da Eletrobrás de rebaixar o nível do reservatório da Usina Hidrelétrica Colíder (UHE Colíder), localizada no norte de Mato Grosso. O diálogo, registrado por um passageiro e obtido com exclusividade pelo Pauta Livre MT, levanta dúvidas sobre a fundamentação técnica da medida e aponta resistência de especialistas que participaram do projeto.

Na ligação, o funcionário afirma que a decisão pelo rebaixamento teria sido tomada com base na opinião de um engenheiro específico, identificado como Ricardo Abraão, sem consenso técnico. Segundo ele, geólogos que atuaram diretamente na obra descartam a hipótese aventada de que haveria uma caverna sob a fundação da barragem.

“Eles acham isso muito pouco provável, porque o arenito da região é úmido, tem coesão muito alta, não é como o calcário, que é solúvel e pode formar cavernas. No arenito isso não acontece”, disse o funcionário.

Ainda segundo o relato do funcionário, a justificativa apresentada para o rebaixamento seria a suspeita de que o reservatório poderia causar colapso em uma possível cavidade subterrânea. No entanto, técnicos contestam. “Se houver uma caverna, rebaixar o reservatório é pior, porque aumenta a pressão efetiva sobre a fundação da barragem. É uma decisão extremamente conservadora, mas pode gerar mais riscos do que soluções”, afirmou.

O tom da conversa revela indignação. O funcionário chega a classificar o rebaixamento como “uma loucura” e diz que o procedimento foi adotado sem considerar plenamente instrumentos já instalados na usina, como extensômetros, que são equipamentos capazes de medir deformações e dar diagnósticos mais precisos.

Divergências entre técnicos e gestores 

A fala expõe um embate entre técnicos de campo e gestores de alto escalão, em especial sobre a condução da segurança da UHE Colíder. Enquanto especialistas locais afirmam que não há base geológica para o risco de caverna sob o arenito, a decisão administrativa optou por reduzir o nível da água como medida preventiva.

O caso levanta questionamentos sobre gestão de recursos hídricos, transparência nas decisões e segurança energética. A usina é fundamental para o sistema elétrico do norte de Mato Grosso, e qualquer alteração em sua operação tem impacto direto no abastecimento e na economia local, principalmente aos municípios de Itaúba, Colíder, Nova Canãa do Norte entre outros do Nortão.

Outro lado

O portal Pauta Livre MT fez contato com assessoria da Copel, que informou desconhecer “tais declarações e segue colaborando com a Eletrobras na condição de operadora da UHE Colíder”.

Já a assessoria da Eletrobrás informou que “acerca de áudios aparentemente gravados durante voo comercial em manifestações de profissional ligado à Copel, informamos que a empresa deve ser contactada para esclarecer o conteúdo. A Eletrobras reafirma que, a partir da aquisição da usina em 30/05/2025, não hesitou em tomar todas as medidas necessárias para buscar uma solução definitiva para que a Usina Colíder possa voltar a operar na condição de normalidade, privilegiando a segurança das pessoas, do meio ambiente e do empreendimento”.

Jornalista Valdecir Chagas

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