Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (19) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) revelou um cenário crítico de violência na Amazônia Legal, onde facções criminosas ampliaram sua presença e já alcançam quase metade das 772 cidades da região. O estudo integra a 4ª edição do Cartografias da Violência na Amazônia, produzido em parceria com o Instituto Clima e Sociedade, Instituto Itausa, Instituto Mãe Crioula e o Laboratório Interpretativo Laiv.
A pesquisa analisou a taxa trienal de mortes violentas intencionais por grupo de 100 mil habitantes, considerando municípios de nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. As cidades foram classificadas conforme o porte populacional para comparação proporcional.
Municípios de Mato Grosso ganham destaque – Sorriso e Aripuanã entre os mais violentos
O estado de Mato Grosso aparece diversas vezes entre os municípios com maiores índices de letalidade. Entre eles, dois chamam atenção pelo porte populacional e pelas taxas registradas:
Sorriso (MT)
Única cidade mato-grossense acima de 100 mil habitantes presente no ranking. Com taxa trienal de 65,3 mortes por 100 mil habitantes, o município aparece entre os grandes centros urbanos mais violentos da Amazônia Legal. Mesmo com leve queda de 8% nos últimos anos, o índice permanece elevado.
Aripuanã (MT)
Classificada entre cidades de 20 a 50 mil habitantes, registra taxa de 85,9 por 100 mil habitantes, mantendo o mesmo patamar de violência sem variação. O município enfrenta desafios relacionados ao avanço de organizações criminosas e conflitos locais.
Outras cidades mato-grossenses que aparecem no estudo — Vila Bela da Santíssima Trindade, Nobres, Alto Paraguai e Barra do Bugres — mostram que o problema se espalha por diferentes regiões do estado, desde pequenos municípios até centros médios e grandes.
Amazônia Legal registra padrões de violência associados ao avanço de facções
Segundo o FBSP, o crescimento das organizações criminosas está diretamente ligado ao aumento de homicídios, disputas territoriais e rotas do narcotráfico. Municípios menores também aparecem com taxas alarmantes, indicando que o problema não se limita às grandes cidades.
Outros fatores citados por pesquisadores incluem:
- Fragilidade do policiamento em áreas remotas
- Conflitos fundiários e pressões econômicas
- Disputas relacionadas à exploração ilegal de madeira, garimpo e drogas
- Ausência de políticas continuadas de prevenção
Panorama preocupa autoridades e reforça necessidade de ações integradas
A análise reforça que a violência na Amazônia Legal possui múltiplas causas e exige estratégias conjuntas entre estados e governo federal. Para especialistas, a combinação de crescimento das facções com baixa presença estatal cria ambientes propícios ao avanço do crime organizado.
A presença de municípios de Mato Grosso em várias categorias evidencia que o estado enfrenta desafios consistentes, especialmente em regiões estratégicas para circulação de cargas e fluxos migratórios.
O levantamento serve como alerta para autoridades públicas e como base para políticas de prevenção e combate à criminalidade em toda a Amazônia Legal.
As cidades mais violentas da Amazônia Legal
Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP)
Vila Bela da Santíssima Trindade -MT
Nobres -MT
Calçoene -PA
Alto Paraguai – MT
Cumaru do Norte -PA
Rio Preto da Eva -AM
Barra do Bugres -MT
Aripuanã – MT
Novo Progresso – PA
Mocajuba – PA
São Félix do Xingu – PA
Coari – AM
Iranduba- AM
Tabatinga – AM
Santa Inês – MA
Sorriso – MT.