Era começo de noite, finalzinho dos anos 80. O cheiro de pastel frito e pão na chapa se misturava ao perfume forte do desinfetante recém-passado no chão do bar. O rádio de pilha, em cima da geladeira de vidro que funcionava a gás, cheia de refrigerantes, tocava sucessos da época, aquelas músicas de fundamento com boas poesias, sempre com um chiado de fundo.
Naquele balcão de fórmica clara, com azulejos de florzinha ao fundo, todo mundo tinha uma história pra contar. A garrafa de Coca retornável gelada, o copo americano suado de gelo, o guardanapo que nunca limpava direito… tudo fazia parte do ritual.
As noites eram simples: amigos que se reuniam para jogar conversa fora, rir alto, discutir futebol e política, sempre acompanhados de um misto quente, cachorro-quente bem recheado ou aquela porção de batata frita. O dono, sempre de avental e bigode, conhecia todos pelo nome e já sabia o pedido de cada freguês antes mesmo de abrirem a boca.
Não existia pressa, nem celular, nem distrações digitais. O bar era ponto de encontro, era onde a vida acontecia de verdade. E quem viveu aqueles momentos carrega até hoje a saudade do tempo em que a felicidade cabia em uma mesa de plástico, algumas garrafas de vidro e muitas histórias para contar. Ah, é bom lembrar que o katchup, a maionese, a mostarda e a pimenta, eram tudo em frasco plástico grande e não azedava. Tudo era muito bom e muito apetitoso.
Essa é uma pequena lembrança, do nosso quadro, RECORDAR É VIVER, da história da querida Colidinha do Amor !