O julgamento do réu Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, um dos autores da chacina de um bar em Sinop, está previsto para início logo mais, a partir das 8h30, no fórum de Sinop. A sessão do júri será presidido pela juíza Rosângela Zacarkim dos Santos, e o julgamento transmitido ao vivo pelo canal oficial do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, no YouTube. Não há previsão para a duração do julgamento, mas há possibilidade de que se estenda até amanhã de madrugada.
O réu participará do julgamento por meio de videoconferência. Ele está preso preventivamente na Penitenciária Central, em Cuiabá, e segundo a justiça, afirmou não ter interesse em participar de maneira presencial. Sua defesa, patrocinada pela Defensoria Pública. No entanto, estará no plenário do júri.
O crime ocorreu em 2023 e vitimou sete pessoas, dentre elas, uma adolescente de 12 anos.Toda a execução do delito foi registrada por câmeras de segurança do estabelecimento onde o fato aconteceu. O réu será julgado com incurso nas penas dos artigos por motivo torpe, meio cruel e que resultou perigo comum e recurso que dificultou defesa das vítimas, por seis vezes, meio cruel e que resultou perigo comum, e recurso que dificultou a defesa da vítima e vítima menor de quatorze anos, de pessoas e emprego de arma de fogo, todos do Código Penal.
Hoje, no júri, a juíza determinará a chamada dos 25 jurados titulares convocados. Havendo 15 presentes, é instalada a sessão. Na sequência, será realizado o sorteio dos sete jurados titulares presentes, que comporão o Conselho de Sentença. O sorteio é informatizado e transmitido em telão. Cada parte poderá recusar três jurados imotivadamente.
Após a seleção dos jurados, a magistrada faz o compromisso legal deles, entregando documentos do processo, legalmente previstos para conhecimento do caso. Em seguida, as testemunhas de acusação e defesa serão ouvidas (oitivas) pela magistrada. Foram arroladas cinco testemunhas pelo Ministério Público e três pela Defensoria Pública. A princípio, todas as testemunhas serão inquiridas presencialmente. Na sequência, ocorrerá o interrogatório do acusado.
Cada parte (defesa e acusação) tem uma hora e 30 minutos para fazer a sustentação oral aos jurados dos seus pedidos. Primeiro o Ministério Público, depois os assistentes de acusação e por último a Defensoria Pública. Pode haver réplica e tréplica, se as partes assim desejarem, com o tempo de uma hora para cada parte.
Quatro advogados foram habilitados como assistentes de acusação. Eles foram contratados pelos familiares das vítimas e têm a função de auxiliar o promotor na acusação. Um dos assistentes representa duas vítimas (pai e filha).
Concluídos os debates, a juíza indagará aos jurados se “estão aptos a julgar ou necessitam de outros esclarecimentos”. Com resposta afirmativa, faz-se a leitura dos quesitos (que são perguntas que vão definir o resultado da sentença), indagando às partes se têm requerimento ou reclamação a fazer. A juíza, então, explicará aos jurados o significado legal de cada quesito.
Concordando as partes e todos devidamente esclarecidos, os jurados são encaminhados à sala secreta para julgamento. A juíza determinará a distribuição de cédulas com as palavas sim e não, a cada jurado e para assegurar o sigilo do voto, um oficial de justiça recolherá os votos válidos, enquanto outro recolherá os votos descartados. As decisões do Tribunal do Júri se darão por maioria de votos. Com o resultado da votação, retorna-se ao plenário, onde a juíza fará a leitura da sentença.
O crime aconteceu após os dois autores perderem duas partidas de sinuca. Depois de serem alvo de piadas das pessoas que participaram do jogo, vão até uma caminhonete, estacionada na porta do estabelecimento, e pegam duas armas. Eles voltam para dentro do bar. No vídeo da câmera de segurança do estabelecimento é possível ver, claramente, que os dois atiradores pedem para que algumas vítimas fiquem viradas para a parede. Um deles, que está com uma espingarda calibre 12 mm, dispara. Algumas pessoas tentam correr, mas são atingidas já fora do bar. Uma menina de 12 anos e seu pai morreram.
Após a execução, eles correm de volta para a caminhonete, mas voltam. Um para pegar o dinheiro da aposta, que está sobre a mesa de sinuca, e o outro para pegar alguma coisa no chão, perto de uma das vítimas.
Na sequência eles fogem. Edgar, que será julgado, se entregou à polícia dois dias depois do crime, após saber da morte do amigo, durante confronto com a polícia numa área de mata, próxima ao aeroporto de Sinop.