O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos dados da Amostra do Censo Demográfico 2022, revelando um retrato detalhado do perfil religioso da população brasileira com 10 anos ou mais de idade. Entre os destaques, o levantamento mostra mudanças significativas no panorama religioso de Mato Grosso, com crescimento de religiões como o evangelismo, tradições indígenas e afro-brasileiras, e uma redução contínua no número de católicos.
Mato Grosso acompanha tendência nacional
Seguindo a tendência observada em todo o Brasil, os evangélicos apresentaram o maior crescimento percentual no estado, passando de 24,1% em 2010 para 30% da população mato-grossense em 2022 — um aumento de 5,9 pontos percentuais. Já os católicos, embora ainda representem a maioria dos fiéis no estado, registraram queda: de 63,9% em 2010 para 56,7% em 2022, redução de 7,2 pontos percentuais.
O município de Poconé lidera o ranking estadual de fiéis católicos, com 83,4% de sua população (cerca de 22,2 mil pessoas) seguindo o catolicismo. Por outro lado, Colniza tem o menor percentual de católicos (40,1%). Entre os evangélicos, destaque para Rondolândia, onde 45,8% da população professa essa fé.
Explosão de adeptos de religiões afro-brasileiras
Um dos dados mais expressivos do Censo em Mato Grosso diz respeito ao crescimento das religiões de matriz africana — Umbanda e Candomblé — que saltaram de 0,06% em 2010 para 0,4% em 2022, um crescimento de mais de oito vezes no número de fiéis. Atualmente, cerca de 13 mil pessoas no estado seguem essas religiões, sendo Cuiabá o município com maior representatividade (1%).
Tradições indígenas ganham visibilidade
Pela primeira vez, o IBGE incorporou no Censo uma categoria específica para as religiões de matriz indígena, denominada “Tradições indígenas”. Mato Grosso é destaque nesse cenário, com 0,35% da população (aproximadamente 10,8 mil pessoas) se identificando com esses ritos. Gaúcha do Norte aparece como o município com maior percentual de seguidores (16,7%), sendo o 5º no ranking nacional. Outros municípios em destaque são Santo Antônio do Leste, Santa Terezinha, Alto Boa Vista e Campinápolis.
Sem religião: crescimento moderado
O número de pessoas sem religião também cresceu em Mato Grosso, subindo de 7,6% em 2010 para 8,1% em 2022 — um acréscimo de cerca de 57 mil pessoas. Nova Nazaré lidera o índice estadual, com 23,6% da população local declarando não seguir nenhuma religião, o maior percentual entre os municípios mato-grossenses e o 31º no ranking nacional.
Outras religiões e espiritismo
Outros grupos religiosos, como os espíritas e as religiões classificadas como “outras religiosidades” (budistas, judeus, muçulmanos, ortodoxos, entre outros), também foram identificados. Mato Grosso conta com 1,1% de espíritas, sendo Barão de Melgaço o município com maior proporção (4,6%). Já as “outras religiosidades” representam 3,1% da população, com maior concentração em União do Sul (8,2%).
Religião e características demográficas
O Censo também analisou a religião em relação a cor ou raça, nível de instrução e taxas de alfabetização:
Cor ou raça: A maioria dos seguidores de todas as religiões em Mato Grosso é composta por pessoas de cor parda. Entre os indígenas, 94,1% que seguem tradições indígenas se identificam como indígenas. Pessoas pretas e pardas concentram os maiores percentuais entre os evangélicos (31,6% e 31%, respectivamente).
Alfabetização: As maiores taxas de analfabetismo foram encontradas entre os que seguem tradições indígenas (19,5%), católicos (6,2%) e evangélicos (5,3%). Os grupos mais escolarizados são os espíritas (98,4% alfabetizados) e os seguidores da umbanda e candomblé (97,8%).
Nível de instrução: O levantamento apontou variações no nível de escolaridade entre os grupos religiosos, com maior presença de ensino superior entre espíritas e adeptos de outras religiosidades.
Cenário nacional também é de pluralidade crescente
Em todo o país, o catolicismo perdeu 8,4 pontos percentuais entre 2010 e 2022, enquanto o evangelismo cresceu 5,3 p.p., atingindo 26,9% da população. As religiões afro-brasileiras e indígenas também avançaram, acompanhando uma tendência de maior diversidade religiosa e liberdade de expressão espiritual no Brasil.
Os dados do Censo 2022 reforçam um panorama cada vez mais plural, evidenciando mudanças profundas na identidade religiosa do povo mato-grossense e brasileiro. A religiosidade no país, embora ainda majoritariamente cristã, caminha para uma configuração mais diversificada, marcada pelo respeito às tradições culturais, ancestrais e à liberdade de crença. Com informações do IBGE .