Líder indígena da etnia Panará e Kayapó, o cacique mato-grossense Raoni Metuktire, pediu nesta terça- feira (26), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não aprove a construção da Ferrogrão, ferrovia que formará o corredor de exportação do Brasil pela Bacia Amazônica.
O pedido foi feito durante evento na ilha do Combú, em Belém (PA), com a presença do presidente da França, Emmanuel Macron. O líder indígena foi condecorado pelo país europeu e cobrou o fim do garimpo e do desmatamento ilegais.
“Presidente Lula, subi a rampa com o senhor e gostaria de pedir que vocês não aprovem o projeto de construção de ferrovia entre Sinop e Miritituba (PA), mais conhecido como Ferrogrão”, disse.
A Ferrogrão foi criada para escoar as commodities de soja e milho produzidos no Centro-Oeste até os portos da Amazônia, como alternativa “mais barata” ao trajeto até o Porto de Santos. A estrada de ferro deve percorrer quase mil quilômetros de Sinop até Miritituba, no Pará.
Lideranças apontam que o projeto modifica o traçado de 17 unidades de conservação e irá afetar 6 terras indígenas, além de 3 áreas indígenas com presença de povos isolados.
Uma ação judicial contestando a legalidade da Lei nº 13.452/2017, que alterava os limites do Parque Nacional do Jamanxim para permitir a construção da ferrovia, está tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF). A inconstitucionalidade da lei já foi apontada pela Advocacia Geral da União (AGU).
Em setembro do ano passado, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a tramitação do processo por 6 meses para realização de novos estudos sobre os impactos da obra.