Comerciantes de Tapurah procuravam os líderes de facção criminosa em busca de segurança aos estabelecimentos. Pelo serviço, pagavam mensalidade de R$ 100 a R$ 200 aos criminosos, que usavam contas bancárias de “laranjas” para o recebimento das taxas. Conforme investigação do Grupo de Combate ao Crime Organizado (GCCO), uma vez “contratada” a vigilância, não era possível deixar de repassar os valores, pois os comerciantes eram ameaçados.
Segundo o delegado Rafael Scatolon, foi apurado que os comerciantes faziam contato direto com um dos líderes, que está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), por meio de aplicativo de mensagem.
“Identificamos que houve contato direto, inclusive de comerciantes da cidade de Tapurah e região, com o preso, mesmo ele estando recolhido na PCE. O contato era feito por telefone, via aplicativo de mensagem, e, caso ele concordasse em pagar essa taxa de segurança, esse dinheiro era destinado a um dos laranjas identificados na lavagem de dinheiro”, explicou o policial.
Ainda conforme o agente, uma vez que os comerciantes pagassem as taxas aos criminosos, eles não poderiam mais romper o acordo.
“A princípio, o pagamento da taxa não era uma exigência, mas a partir do momento que você paga essa taxa, supostamente os faccionados dão a segurança que eles alegam conseguir dar. Agora, a gente vê na investigação que a partir do momento que você começa a pagar essas taxas, aí sim você dificilmente vai conseguir deixar de pagar, porque eles passam a ameaçar”, narrou o delegado titular da GCCO, Gustavo Belão.
Operação
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou a Operação Assintonia, na manhã desta quarta-feira (26), com objetivo de cumprir 72 mandados contra integrantes de uma facção envolvida com o comércio de entorpecentes, armas de fogo, munições e lavagem de dinheiro no interior de Mato Grosso.
Entre os alvos está um dos principais líderes de uma facção criminosa na região médio-norte do estado que atualmente está preso na Penitenciária Central do Estado (PCE), possuindo extensa ficha criminal por atuação com comércio de drogas e armas de fogo, além de ordenar roubos e assassinatos em série.
As ordens para a prática de roubos e homicídios, assim como a negociação das armas de fogo, ocorrem de dentro do presídio, por meio de mensagens e ligações de celulares. O investigado possui grande influência no mundo do crime e na liderança exercida sobre os “soldados da sua tropa”, que atuam especialmente nas cidades de Tapurah, Itanhangá, Ipiranga do Norte e Sorriso.
Foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva, 24 mandados de busca e apreensão e 26 bloqueios de contas bancárias em Cuiabá, Tapurah, Itanhangá, Porto dos Gaúchos e Boa Esperança