A juíza Luciana de Souza Cavar Moretti, da 3ª Vara da Comarca de Nova Mutum decretou a prisão preventiva de Romero Xavier e Rodrigo Xavier, ex-marido e ex-cunhado da empresária Raquel Cattani, encontrada morta com 34 facadas na última sexta-feira (19). Os irmãos suspeitos do crime passaram por audiência de custódia na noite desta quinta-feira (25).
Romero e Rodrigo Xavier foram presos nessa quarta-feira (24) suspeitos de serem mandante e executor, respectivamente. Em depoimento à Polícia Civil, Rodrigo confessou o crime e disse que recebeu R$ 4 mil do irmão para cometer o assassinato.
Rodrigo tem várias passagens pela polícia por envolvimento com entorpecentes.
Polícia: o crime e a simulação de assalto
De acordo com a polícia, Romero levou o irmão no próprio carro e o deixou escondido nas proximidades do sítio onde Raquel morava. Ao longo do dia, ele teria almoçado com o ex-sogro e, depois, levou os filhos do ex-casal para Tapurah, a fim de criar o álibi e afastá-los do crime planejado.
A investigação apontou ainda que, durante a tarde do dia 18 de julho, Romero chamou algumas pessoas com quem nem tinha muita convivência para beber e assar carne. No período da noite, foi a três boates em Tapurah. Segundo a polícia, esse comportamento evidencia a tentativa de formar o álibi de que estaria da cidade e, assim, não ser considerado o principal suspeito.
A polícia informou que Romero sabia da rotina de Raquel e, de forma planejada, havia retirado os filhos da residência anteriormente. Ainda de acordo com a investigação, enquanto o ex-marido da vítima simulava o álibi, Rodrigo ficou à espreita da vítima até ela chegar ao sítio.
Ao chegar no sítio por volta de 20 horas da quinta-feira, a vítima foi atacada a facadas e morreu ainda no local. Em seguida, segundo a polícia, Rodrigou subtraiu alguns objetos da casa, quebrou a televisão na parte de fora e levou a moto da vítima com o destino a Lucas do Rio Verde.
O executor do crime jogou a motocicleta, o celular e a faca do crime em um rio da região. A Polícia Civil solicitará ao Corpo de Bombeiros que realize buscas no local.
Ainda nesta quarta-feira, uma equipe policial coordenada pelo delegado Edmundo Félix seguiu até o assentamento Pontal do Marape para conduzir o autor intelectual do homicídio e trazê-lo até a delegacia de Nova Mutum.
Comoção em velório
Romero é pai de ambos os filhos de Raquel – um menino de 6 anos e uma menina de 3 anos. Durante o velório da empresária, ele se mostrou muito abalado e permaneceu ao lado do caixão junto com o deputado.
Durante as últimas homenagens a Raquel, Romero ainda recebeu apoio emocional de amigos e familiares da vítima que estavam presentes devido ao estado que se encontrava.
Ex-marido “é frio”, “não demonstra remorso”e pagaria R$ 4 mil para irmão matar Raquel Cattani, conclui polícia
Os delegados de Polícia Civil de Nova Mutum concederam, na noite desta quinta-feira(25), uma coletiva de imprensa para detalhar a investigação que culminou na prisão de Romero Xavier e seu irmão, Rodrigo Xavier, ontem, pelo assassinato de Raquel Cattani, de 26 anos, morta a facadas na semana passada em um sítio no município. O delegado Guilherme Pompeo afirmou que Rodrigo confessou que o irmão pagaria R$ 4 mil para matar sua ex-esposa. “Tanto na entrevista local quanto no interrogatório formal ele afirmou categoricamente que ia receber R$ 4 mil, inclusive já havia antecipado R$ 1,5 mil para compra de um carro e esse foi o pagamento que o irmão dele fez”, explicou.
Segundo Pompeo, desde o dia dos fatos as equipes já vinham monitorando a dupla. “Temos que ressaltar o trabalho que já vinha sido feito desde o cometimento do delito. Todos já estavam monitorando diversas pessoas que estavam ali direta e indiretamente que participava do convívio familiar, seja da vítima ou de eventuais agressores, que no caso o ex-marido. Eles já estavam no radar da Polícia Civil”, explicou.
Segundo o delegado, o ex-cunhado de Raquel passou a tentar despistar os investigadores, o que gerou desconfiança. “O delegado Edmundo há dois, tres dias atrás tentava contato ele, se esquivava, isso será juntado nos autos, porque ele apresentava diversas inconsistências e incongruências com relação ao local que ele se encontrava. O delegado Edmundo falava onde você está? Quero te ouvir, ele dizia que estava morando numa fazenda, então ele tentava enganar autoridade policial com intuito de não participar dessa investigação”, afirmou.
“Diante disso escalamos uma equipe para entrevistá-lo, na ocasião a esposa dele abriu a porta, autorizou nossa entrada e de pronto verificamos um frasco de perfume que estava numa bancada, passamos a entrevistá-lo e perguntar a origem daquele frasco. Como ele estava cheio e ele apresentou grande nervosismo, nós passamos a olhar de uma forma mais convicta. Ele foi convidado a mostrar a sola da bota que é a mesma marca da pegada do televisor. Identificamos outros frascos de perfume, também o cinto dela e objetos que pertenciam à vítima. Diante disso demos voz de prisão”, acrescentou.
O delegado cita também que Rodrigo dispensou a motocicleta após o crime, o que descarta a hipótese de latrocínio. “É uma dinâmica a ser confirmada, conforme ele diz ele faz esse trajeto Marape, São José, Nova Mutum e Lucas, ainda vamos confirmar a chegada dele na casa, é o que ele apontou. Chega na casa, dorme com essa moto naquela noite e no outro dia ele dispensa ela no rio. O que sugere ainda mais que não foi um crime patrimonial, foi um crime a mando do próprio irmão que teve o objetivo de matar a ex-esposa usando do irmão”, afirmou.
Segundo a Polícia Civil, Raquel já havia comunicado duas amigas que ela vinha sendo ameaçada pelo ex-companheiro, porém, não contou aos seus pais. “A Raquel era reservada, mas já vinha aberto, infelizmente ela não avisou os próprios pais, mas ela abriu e falou muita coisa para duas amigas que confirmam que ele estava ameaçando ela nos últimos dias”, disse Guilherme Pompeo.
O delegado Edmundo Félix ressaltou também a personalidade de Romero Xavier que desde o local de crime se mostrou ‘frio’. Isso foi uma coisa que nos surpreendeu, no local do crime entrevistamos e ele mostrou uma personalidade fria e calculista, nessas situações do velório verificamos que ele ainda mantém essa personalidade, mantém essa conduta de uma pessoa estrategista. Após a prisão (Romero) ele não demonstra remorso, estrategista, frio sempre se mantém na posição de uma pessoa calculista e não demonstra compaixão com o que fez com a vítima”.
O delegado também falou sobre o momento que a investigação muda e passa a suspeitar do ex-marido, descartando a hipótese de crime patrimonial. “Diante da dinâmica do local o que nos apresentou foi um possível latrocínio dada as circunstâncias, todavia, em seguida, diligenciamos ao local e entrevistamos mais de 100 pessoas. Nenhuma linha de investigação seguia naquela linha de crime patrimonial. Diante dessa existência conseguimos apurar que o suspeito teria conhecimento da vítima, da rotina, diante disso esse foi o momento em que deu a guinada na investigação para que voltassem os olhos a esse suspeito Romero, que tinha o conhecimento da vítima”.
Félix ressalta que agora a Polícia Civil segue a investigação para conclusão do inquérito policial. “Existe o prazo legal, contando com a situação do réu preso, existem os 10 dias de prisão para concluir o inquérito. A investigação andou bem, mas precisa de algumas outras análises de inteligência para corroborar com toda essa ação que levantamentos e fizemos, vamos observar o prazo legal para que seja respeitada a lei”.