Lucas do Rio Verde - Outubro 14, 2024

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Incêndios aumentam em 1000% devida a seca na bacia do Rio Paraguai

Com o períodode estiagem, a temporada das chamas chegou mais cedo este ano

Por: Portal JVC / G1 MT

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(Autor da imagem: Portal JVC)

No decorrer do ano, o Pantanal atravessa dois períodos: o do fogo e o da água. Neste ano, a temporada das chamas, que começaria em julho, chegou mais cedo e com força: em Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso, os focos de incêndio nos seis primeiros meses de 2024 aumentaram 1025% se comparados ao mesmo período de 2023. Enquanto isso, o rio Paraguai, que é principal bacia do bioma, já registra seca recorde: está mais de 2 metros abaixo da média.

Em Mato Grosso do Sul (onde está 60% do Pantanal no Brasil) foram registrados 698 focos, entre janeiro e junho de 2024. No ano passado, foram 62 no mesmo período. Em Mato Grosso (onde fica 40% do bioma), foram 495 focos de incêndio em 2024, contra 44 em 2023. Somando os números dos dois estados, foram:

🔥 2024: 1193 focos de incêndio entre 1º de janeiro e 7 de junho;
🔥 2023: 106 focos de incêndio entre 1º de janeiro e 7 de junho.
 
Os dados são do Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e também revelam que, em 2024, o Pantanal já tem o 2º maior índice de incêndios desde 2010, atrás apenas de 2020, quando o fogo consumiu cerca de 4 milhões de hectares — o equivalente a cerca de 26% do bioma.

Especialistas explicam que o período das chamas no Pantanal, que seria entre os meses de julho e agosto, pode durar até seis meses. Porém, neste ano, o fogo chegou mais cedo, e a seca também.

Rio Paraguai com seca recorde

A falta de chuva tem afetado a principal bacia do bioma, o Rio Paraguai, que abrange 48% do estado do Mato Grosso e 52% do Mato Grosso do Sul.
Segundo levantamentos do Serviço Geológico do Brasil (SGB), o nível do rio em Ladário – cidade vizinha à Corumbá – tem registrado quedas ou estabilidade na medição há cerca de um mês.

O órgão aponta que, para este período, a média histórica do nível do rio em Ladário era de 3,85 metros. Na última sexta (7), a régua de Ladário marcava 1,38 cm. Ou seja, o rio Paraguai estava 2 metros e 47 cm abaixo do esperado.

O pesquisador em Geociências da SGB Marcus Suassuna explica que o nível baixo do rio se dá pelo prolongamento do período seco de 2023 e também pelas poucas chuvas em 2024.
 
O que está acontecendo hoje é resultado de um processo que começou no final de 2023. Ano passado, o El Niño forte fez com que o final do período seco se prolongasse. No começo deste ano, os níveis estavam muito baixos, e a estação chuvosa foi toda muito fraca. Não estamos numa situação de escassez, o que está acontecendo é a antecipação, considerável, de um problema mais grave que pode ocorrer de seca entre setembro e outubro.

O Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS) apresentou um balanço relacionado ao acumulado das chuvas no estado, durante maio deste ano. O panorama não foi nada animador.

A pasta vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) observou que o cenário de chuvas está muito abaixo da média histórica, com valores de precipitações acumuladas entre 0 e 30 milímetros.

Na análise do número de dias com chuvas abaixo de 1 mm, foi constatado que grande parte dos municípios apresentaram mais de 25 dias sem ocorrência de chuvas ao longo de maio. As previsões para junho seguem na mesma esteira de seca e umidade baixa, o que expõe o solo facilmente ao fogo.

Jornalista Valdecir Chagas

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