A Justiça determinou o bloqueio de mais de R$ 22 milhões em contas bancárias e o sequestro de dezenas de bens incluindo casas, fazendas, apartamentos e veículos de alvos da Operação Poço Sem Fundo. A ação investiga um esquema de fraudes em contratos públicos para a perfuração de poços artesianos em Mato Grosso.
A decisão é da juíza Edna Ederli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (NIPO), que atendeu a pedidos da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), responsável pela investigação. Além do bloqueio de valores, a magistrada determinou o sequestro de 49 imóveis e 79 veículos, a imposição de auditorias em empresas envolvidas, a suspensão de pagamentos e a proibição de novos contratos com o poder público. Os investigados também estão impedidos de exercer funções em órgãos governamentais.
Entre os alvos estão o então diretor administrativo da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), o ex-deputado estadual Wagner Ramos (União Brasil), o ex-presidente da estatal Juliano Jorge Boraczynski e o diretor-técnico Francisco Holanildo Silva Lima. Procurado, Wagner negou as acusações e afirmou confiar na investigação para comprovar sua inocência. As defesas de Juliano e Francisco ainda não se manifestaram.
A operação foi deflagrada no dia 8 de maio e teve como ponto de partida uma denúncia apresentada pelo próprio Governo de Mato Grosso. De acordo com a Deccor, o grupo criminoso teria atuado na Metamat entre 2020 e 2023, desviando recursos públicos por meio de contratos fraudulentos para a perfuração de poços artesianos. O prejuízo estimado é de, pelo menos, R$ 22 milhões.
Relatórios elaborados pela Controladoria-Geral do Estado (CGE) apontam fortes indícios de fraudes na execução dos contratos, superfaturamento, desvio de recursos públicos e possível lavagem de dinheiro.
A investigação atinge 16 servidores públicos e oito empresas. Os contratos fraudados tinham como objetivo a perfuração de poços para abastecimento de comunidades rurais com água potável. No entanto, auditorias revelaram poços inexistentes nos endereços declarados, instalações inadequadas e até casos em que os próprios moradores precisaram improvisar formas de acesso à água.
Em outros casos, os poços foram instalados em áreas privadas, como fazendas, plantações, garimpos, granjas e até zonas urbanas, contrariando os objetivos originais dos contratos. As diligências foram cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e Tangará da Serra, com a execução de 30 mandados de busca e apreensão.
A investigação segue em andamento e novas medidas judiciais não estão descartadas.