Juiz João Filho de Almeida Portela, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, manteve a prisão de Paulo Witer Farias Paelo, o “WT”, mas soltou a companheira dele, Cristiane Patrícia Rosa Prins. O magistrado considerou o alto cargo que WT ocupava na facção criminosa Comando Vermelho, na região da Morada da Serra em Cuiabá.
O magistrado pontuou que houve necessidade de revisar a prisão preventiva dos réus da Operação Apito Final, já que se passaram 90 dias desde a última avaliação.
No caso de WT, ele está preso desde 29 de março de 2024 em um presídio em Maceió (AL). O magistrado citou que Paulo Witer foi denunciado por ocultar e dissimular valores e bens em favor do Comando Vermelho, que tiveram origem de ações criminosas. O juiz entendeu que a prisão deve ser mantida, considerando a posição de WT na organização criminosa.
“Supostamente o acusado seria tesoureiro geral, sendo responsável pela contabilidade do grupo e arrecadação de valores oriundos do tráfico de drogas na região da Morada da Serra (…). A manutenção da prisão também é justificada pelo suposto envolvimento do denunciado na facção criminosa denominada ‘Comando Vermelho’, ocupando, em tese, cargo alto no grupo extremamente arquitetado e de grande complexidade”, justificou.
Com relação a Cristiane, ela está presa desde 2 de abril de 2024 na Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto, em Cuiabá. Ela já teve vários pedidos de liberdade negados pela Justiça.
Nesta última decisão o magistrado destacou que Cristiane está na mesma situação dos acusados Luiz Fernando da Silva Oliveira e Mayara Bruno Soares Trombim, assim como do réu Cleyton Cesar Ferreira De Arruda. Como Cleyton já foi solto, com imposição de medidas cautelares, o juiz entendeu que o benefício deve ser estendido aos outros réus.
“Verifica-se que o acusado Cleyton Cesar Ferreira de Arruda, que se encontra na mesma situação que os denunciados em questão, foi solto com a fixação de medidas cautelares diversas da prisão (…). À luz do princípio da isonomia (…) os acusados Mayara Bruno Soares Trombim, Luiz Fernando da Silva Oliveira e Cristiane Patrícia Rosa Prins também deverão aproveitar do julgado proferido”, disse.
Ele ainda destacou que Cristiane não possui condenação com trânsito em julgado (quando não cabe mais recurso), apesar de já ter sido sentenciada a 10 anos e 8 meses de reclusão pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro, em um processo de 2018.
O juiz entendeu que “nada há que empeça a concessão da liberdade mediante a fixação de cautelares diversas” e, assim, estendeu a liberdade de Cleyton a Cristiane e os outros dois acusados, impondo medidas cautelares como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de deixar a cidade, proibição de contato com outros investigados, entre outras.
A operação
A Operação Apito Final cumpriu 54 ordens judiciais que resultaram na prisão de 20 alvos, entre eles o líder do grupo, Paulo Witer Farias Paelo, conhecido como WT, identificado como tesoureiro da facção e responsável pelo tráfico de drogas na região do Jardim Florianópolis.
A investigação da GCCO apurou, no período de dois anos, que a organização movimentou R$ 65 milhões em bens móveis e imóveis adquiridos para lavar o dinheiro da facção. Além dos imóveis e veículos de luxo, as transações incluíram a criação de times de futebol amador e a construção de um espaço esportivo, estratégias utilizadas pelo grupo para a lavagem de capitais e dissimulação do capital ilícito.
Análises financeiras realizadas pela Polícia Civil apontaram que os investigados, mesmo sem comprovação de renda lícita, adquiriram veículos como BMW X5, Volvo CX 60, Toyota Hilux, Amarok, Jeep Commander, uma Mitsubishi Eclipse e uma Pajero, além de diversos modelos Toyota Corolla.